Para o consumidor comum, que não tem formação nem trabalha na área tecnológica, escolher um produto como TV, tablet, laptop e telefone celular está cada vez mais difícil, tantos são os modelos e funcionalidades anunciados. Para ajudar a conviver com essa realidade e a tomar decisões mais embasadas, entrevistamos Rodrigo Afonso, um profissional com 15 anos de experiência em gestão de equipes em projetos de desenvolvimento na internet, mídia social, arquitetura de software, infraestrutura de rede, conectividade sem fio, soluções móveis e projetos de desenvolvimento de software.
O que uma pessoa deve avaliar ao comprar um produto que apresente novas tecnologias, como televisores e celulares?
Qual é a sua real necessidade. Vejo várias pessoas procurando TVs full HD, por exemplo, mas que nem têm em casa um plano de TV a cabo com transmissão em HD, normalmente mais caro. A transmissão da TV digital não é full HD. Ao mesmo tempo, uma TV dura normalmente 5 anos, então é preciso avaliar se neste tempo se planeja fazer uma melhora do plano de TV a cabo ou utilizar algum equipamento como um console de jogos.
Em termos de celulares, fora a questão estética (e de status), a regra é a mesma: o uso que vai se dar ao aparelho. Se o plano é usá-lo para o básico, como ligar, trocar SMS e acessar uma rede social como o Facebook e o Twitter, não é necessário o modelo topo de linha. Para quem quer fazer o uso completo de recursos como 3G, GPS e câmera, os modelos top podem ser necessários. Fuja de celulares não certificados pela Anatel, pois eles podem colocar em risco a saúde dos usuários, por conta de ondas de rádio fora dos padrões considerados seguros.
Lembre-se sempre de que, quanto mais sofisticado o equipamento, mais rapidamente a bateria acaba. Quem quer um aparelho de uso básico pode acabar se irritando com o tamanho exagerado e a pouca autonomia do aparelho.
Que aplicativos podem fazer com que um smartphone ou um tablet valha a sua compra?
O mundo está conectado à Internet hoje em dia. Participar das diversas redes sociais é um dos principais usos de um smartphone. Porém, não são apenas as redes que valem a pena. Aplicativos que reconhecem as músicas que estão tocando na rádio, aplicativos de mapas, aplicativos para chamar táxi, para compra de ingressos e de streaming de música (ouvir sem gravar, como se fosse rádio) são apenas alguns exemplos de como o smartphone tem facilitado a vida e feito as pessoas mudarem seus hábitos e formas de interagir com outras pessoas e serviços.
Como lidar com a questão da durabilidade, uma vez que os produtos já são lançados com modelos para superá-los em desenvolvimento?
As operadoras telefônicas querem que o usuário utilize cada vez mais a sua rede de dados, ao mesmo tempo em que os fabricantes precisam que usuários comprem aparelhos regularmente. Hoje já há tecnologia para criar celulares muito mais avançados, duráveis e baratos, porém isso quebraria o modelo de negócios. Por isso, elas lançam aparelhos de forma cíclica com pequenos avanços, para que seus clientes tenham que substituir seus aparelhos quase que anualmente. É preciso avaliar se o aparelho atual atende as suas necessidades para não entrar nessa febre.
Porque o uso de tecnologia para a economia doméstica de recursos ainda é pequeno?
Já há uso de tecnologias para economia de recursos como energia e água, com medidores e sensores conectados à internet que permitem um controle maior de consumo em uma residência. Há também aplicativos para controle de validade de alimentos, compras online com descontos e controle financeiro. Porém, a disseminação do seu uso ainda é pequena no Brasil, principalmente no que tange às tecnologias conhecidas como “internet das coisas”, como a conexão de equipamentos como geladeiras e TVs à internet, permitindo assim um monitoramento e consequentemente um controle maior de uso e consumo de diversos itens de uma residência. Estamos atrasados em termos de conhecimento e aplicação dessas novas tecnologias entre 3 e 5 anos em relação aos países mais desenvolvidos.
O que está para ser lançado que será capaz de impressionar pelo ineditismo?
Impressoras 3D a preços acessíveis prometem ser uma revolução no mundo, alterando de forma profunda a forma de venda de certos produtos e seu consumo pela sociedade. Outra tecnologia que promete mudar a nossa sociedade são os carros inteligentes, que se dirigem sozinhos e permitirão uma reorganização de todo nosso modelo de fluxo de trânsito nas grandes metrópoles. Imagine carros inteligentes que se “falam” para organizar todo o fluxo de carros de modo a reduzir radicalmente os engarrafamentos. Isso é algo que já está começando em países como os EUA e na Europa.